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Augusto Cézar Francisco Alves
As aves dos “inselbergs” capixabas: - um prelúdio da extinção
Embora o Espírito Santo esteja entre os estados de menor área territorial da federação, ele abriga 35,8% do total de aves estimado para o Brasil. Situado no domínio da Mata Atlântica, é formado por um conjunto de mosaicos vegetacionais, entremeados por formações rochosas, típicas da porção setentrional da Serra da Mantiqueira. Dentre as formações rochosas, destacam-se os intitulados “inselbergs”, rochas soerguidas de forma abrupta e isoladas a partir das planícies.
Os “inselbergs” apresentam características peculiares, como solos rasos, alta variação de temperatura e vegetação típica, como bromélias, cactos, canelas-de-ema e melastomatáceas. Salvo raras exceções de trabalhos pontuais, inclusive em Minas Gerais e Espírito Santo, sobre as formações fitofisionômicas dos “inselbergs”, não existem dados na literatura sobre a sua fauna. Por isso, o laboratório de Mastozoologia e Biogeografia, do departamento de Biologia Animal da Universidade Federal do Espírito Santo, criou um projeto específico para estudar as aves dos “inselbergs” capixabas. De acordo com as informações preliminares, espécies ameaçadas como o papagaio-chauá (Amazona rhodochorytha) e o bacurau (Nyctidromus hirundinaceus vielliard) foram registrados nestes ambientes, sendo que o último é altamente restrito a esse tipo de habitat.
Embora o Espírito Santo esteja entre os estados de menor área territorial da federação, ele abriga 35,8% do total de aves estimado para o Brasil. Situado no domínio da Mata Atlântica, é formado por um conjunto de mosaicos vegetacionais, entremeados por formações rochosas, típicas da porção setentrional da Serra da Mantiqueira. Dentre as formações rochosas, destacam-se os intitulados “inselbergs”, rochas soerguidas de forma abrupta e isoladas a partir das planícies.
Os “inselbergs” apresentam características peculiares, como solos rasos, alta variação de temperatura e vegetação típica, como bromélias, cactos, canelas-de-ema e melastomatáceas. Salvo raras exceções de trabalhos pontuais, inclusive em Minas Gerais e Espírito Santo, sobre as formações fitofisionômicas dos “inselbergs”, não existem dados na literatura sobre a sua fauna. Por isso, o laboratório de Mastozoologia e Biogeografia, do departamento de Biologia Animal da Universidade Federal do Espírito Santo, criou um projeto específico para estudar as aves dos “inselbergs” capixabas. De acordo com as informações preliminares, espécies ameaçadas como o papagaio-chauá (Amazona rhodochorytha) e o bacurau (Nyctidromus hirundinaceus vielliard) foram registrados nestes ambientes, sendo que o último é altamente restrito a esse tipo de habitat.

Filipe Gratz Cardoso
POR DENTRO DA CABEÇA DO PTEROSSAURO
Por Filipe Gratz Cardozo sob orientação de Taissa Rodrigues e co-orientação de Gabriela Sobral
16 de abril de 2018
A CIÊNCIA DA PALEONEUROLOGIA
A ciência avançou muito nos últimos tempos. Para citar apenas um exemplo, hoje temos celulares que literalmente falam conosco, nos orientando, tirando fotos, respondendo aos múltiplos toques dos nossos dedos e, é claro, fazendo ligações. Porém, nenhuma destas funções seria possível não fosse o fato de diversas áreas do conhecimento terem sido unidas em prol de um objetivo único. Partindo deste princípio de integração, imaginemos que um pesquisador fosse misturar duas ciências que aparentemente não têm nada a ver uma com a outra, como a paleontologia e a neurologia.
Muitos conhecem a paleontologia como a “ciência dos dinossauros”, embora ela estude todos os demais seres vivos pré-históricos — sejam eles animais, plantas ou até bactérias. E muitos conhecem a neurologia como a parte da medicina que estuda o sistema nervoso e trata suas doenças. Mas imaginemos, por um instante, que pudéssemos unir esses dois campos científicos. Imaginemos que, com os conhecimentos neurológicos, pudéssemos acessar, por assim dizer, os pensamentos ou, pelo menos, os comportamentos dos magníficos animais de tempos imemoriais.
Agora paremos de imaginar. Pode ser difícil, mas voltemos à realidade. Neste mundo real, algumas coisas coisas podem ser tão deliciosas quanto em nossa imaginação. Não precisamos esperar para que a paleontologia e neurologia sejam combinadas — elas já foram! E esta parte tão empolgante da ciência se chama paleoneurologia.
A paleoneurologia estuda a evolução do encéfalo e do sistema nervoso de uma forma geral. O sistema nervoso é o conjunto de todas as estruturas responsáveis pela coordenação de um animal complexo como um peixe, um sapo, um crocodilo, um dinossauro e até mesmo um ser humano. É nele que se encontram, por exemplo, os nervos que dão nome ao sistema e que transmitem informações para todo o corpo. O encéfalo, por sua vez, localiza-se no interior do crânio e é a parte principal do sistema nervoso, sendo formado por várias estruturas, dentre as quais a mais conhecida, o cérebro.
Aí vem a pergunta: como estudar a evolução do encéfalo (ou do sistema nervoso) se, para isso, precisamos ter acesso a estruturas já degradadas pela ação do tempo, como o cérebro de um animal há muito extinto? Durante o processo miraculoso da fossilização em que o cadáver se degrada e apenas seus restos sobram, às vezes acontece do encéfalo ser totalmente substituído por minerais que se infiltram na caixa craniana. Ao final, estes minerais ficam no crânio fóssil e formam um molde interno do encéfalo — e este molde atende pelo termo, em inglês, endocast.
Ao longo da história da paleontologia já foram descobertos muitos endocasts em crânios de animais extintos. Porém, para acessá-los, era preciso ou ter a sorte de encontrar um crânio já parcialmente quebrado (permitindo ver o endocast em seu interior) ou serrar o crânio mecanicamente. Esta última opção, no entanto, sempre foi proibitiva: como serrar um fóssil de valor incalculável?
Então entram aí as mais recentes tomografias computadorizadas de raios-X. Através desta técnica os paleontólogos colocam o crânio do animal fóssil dentro de um aparelho chamado tomógrafo e, em seguida, raios-X atravessam a estrutura óssea. Como a rocha que envolve o fóssil tem densidade diferente do fóssil propriamente dito, os raios-X formam imagens que nos permitem diferenciar o que é rocha do que é osso. Assim, o interior da caixa craniana é traçado e o endocast, identificado e devidamente reconstruído com softwares específicos para a tarefa.
ENTRAM OS PTEROSSAUROS
Diferentemente do que normalmente se acredita, pterossauros não são “dinossauros voadores”. Podemos considerá-los como parentes dos dinossauros, sim, mas não dinossauros em si. Dinossauros, no sentido usual da palavra tal qual conhecemos, não voavam.
Os pterossauros foram contemporâneos de seus parentes dinossauros, vivendo durante uma era conhecida como o Mesozoico (227 a 66 milhões de anos atrás). Suas características principais estavam relacionadas ao voo, e dentre elas podemos citar as asas compostas pelo prolongamento de um dos dedos da mão e por membranas de pele chamadas membranas alares. Em seguida vêm os ossos, os quais eram leves e cheios de ar para reduzir o peso do animal. Dentre os ossos, havia um conhecido como pteroide, que sustentava as membranas alares e que não o encontramos em mais nenhum grupo de vertebrados!
Além destas características que permitiam aos pterossauros voarem, temos também seu encéfalo, e neste ponto ligamos o estudo da paleoneurologia ao estudo dos pterossauros.
A PALEONEUROLOGIA DOS PTEROSSAUROS
O encéfalo dos pterossauros também favorecia seu voo. Tanto que, embora tendo sido poucos os pterossauros cujo encéfalo foi estudado até o momento, em todos verificamos características curiosas. Por exemplo, o cérebro era grande se compararmos ao restante do encéfalo. O flóculo, a parte do encéfalo responsável por manter o olhar do animal focado em sua presa, era um dos maiores de todo o reino animal. Os lobos ópticos, os quais processam as informações capturadas pelos olhos, também eram grandes e mostram que estes animais provavelmente tinham uma visão bastante apurada. A estrutura do encéfalo destes animais voadores se parecia muito mais com o das aves.
Além do encéfalo, os pterossauros também tinham um ouvido interno que mostrava o quanto eram bem adaptados ao voo. O ouvido interno é um órgão formado, dentre outros componentes, por estruturas em forma de arco. Essas estruturas são chamadas de canais semicirculares, e são três: o canal anterior, o posterior e o lateral. Os canais semicirculares, além de serem responsáveis pelo equilíbrio do organismo, fazendo o animal perceber sua posição no espaço, se está inclinado ou até de cabeça para baixo, também permitem aos paleontólogos saberem a posição da cabeça do animal. Isso é especialmente importante para fazer reconstruções, permitindo-nos ver, em forma de arte cientificamente precisa, como seria o animal em vida. O canal semicircular lateral fica em posição horizontal; desta forma, basta colocar o canal nesta orientação que os paleontólogos podem saber como era a provável posição da cabeça como um todo, e, partindo da cabeça, inferir também como era a posição do restante do corpo.
PTERODACTYLUS, O PRIMEIRO PTEROSSAURO DESCOBERTO
Então, chegamos ao ponto principal deste trabalho de pesquisa e ele atende pelo nome Pterodactylus. Pterodactylus foi o primeiro gênero de pterossauros descoberto pela ciência. Tendo vivido há cerca de 150 milhões de anos, no famoso período Jurássico, era formado por animais relativamente pequenos, com até um metro de envergadura. Provavelmente se alimentava de peixes, e muitos exemplares foram encontrados na Alemanha.
Para esta pesquisa as paleontólogas Taissa Rodrigues, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e Gabriela Sobral, da Universidade de São Paulo (USP), viajaram à Alemanha e tomografaram dois crânios, cada um pertencendo a um espécime diferente de Pterodactylus. Posteriormente, as tomografias foram trazidas ao Brasil, onde o aluno de mestrado Filipe G. Cardozo está reconstruindo (ou “segmentando”, para usar um jargão da área) um endocast digital.
Até o momento foram identificadas várias semelhanças no encéfalo do gênero com o de outros disponíveis na literatura especializada. Também foram identificadas semelhanças com o encéfalo de aves. (Novamente, pterossauros deviam ser exímios voadores!) Além disso, foi descoberto que a posição da cabeça de Pterodactylus devia ser levemente inclinada para baixo, de forma que todo o seu corpo, quando o animal estava pousado, devia se manter numa posição mais ereta.
No entanto, a reconstrução dos endocasts de Pterodactylus ainda não está completa. Há desafios no caminho: por exemplo, um dos espécimes está tão danificado (provavelmente pelo processo de fossilização) que não nos permite visualizar facilmente as estruturas do encéfalo. Mas o trabalho é empolgante e recompensador. Nos próximos meses concluiremos a reconstrução e, a partir daí, esperamos formular mais hipóteses sobre o comportamento e também sobre a evolução destes maravilhosos animais.
Por Filipe Gratz Cardozo sob orientação de Taissa Rodrigues e co-orientação de Gabriela Sobral
16 de abril de 2018
A CIÊNCIA DA PALEONEUROLOGIA
A ciência avançou muito nos últimos tempos. Para citar apenas um exemplo, hoje temos celulares que literalmente falam conosco, nos orientando, tirando fotos, respondendo aos múltiplos toques dos nossos dedos e, é claro, fazendo ligações. Porém, nenhuma destas funções seria possível não fosse o fato de diversas áreas do conhecimento terem sido unidas em prol de um objetivo único. Partindo deste princípio de integração, imaginemos que um pesquisador fosse misturar duas ciências que aparentemente não têm nada a ver uma com a outra, como a paleontologia e a neurologia.
Muitos conhecem a paleontologia como a “ciência dos dinossauros”, embora ela estude todos os demais seres vivos pré-históricos — sejam eles animais, plantas ou até bactérias. E muitos conhecem a neurologia como a parte da medicina que estuda o sistema nervoso e trata suas doenças. Mas imaginemos, por um instante, que pudéssemos unir esses dois campos científicos. Imaginemos que, com os conhecimentos neurológicos, pudéssemos acessar, por assim dizer, os pensamentos ou, pelo menos, os comportamentos dos magníficos animais de tempos imemoriais.
Agora paremos de imaginar. Pode ser difícil, mas voltemos à realidade. Neste mundo real, algumas coisas coisas podem ser tão deliciosas quanto em nossa imaginação. Não precisamos esperar para que a paleontologia e neurologia sejam combinadas — elas já foram! E esta parte tão empolgante da ciência se chama paleoneurologia.
A paleoneurologia estuda a evolução do encéfalo e do sistema nervoso de uma forma geral. O sistema nervoso é o conjunto de todas as estruturas responsáveis pela coordenação de um animal complexo como um peixe, um sapo, um crocodilo, um dinossauro e até mesmo um ser humano. É nele que se encontram, por exemplo, os nervos que dão nome ao sistema e que transmitem informações para todo o corpo. O encéfalo, por sua vez, localiza-se no interior do crânio e é a parte principal do sistema nervoso, sendo formado por várias estruturas, dentre as quais a mais conhecida, o cérebro.
Aí vem a pergunta: como estudar a evolução do encéfalo (ou do sistema nervoso) se, para isso, precisamos ter acesso a estruturas já degradadas pela ação do tempo, como o cérebro de um animal há muito extinto? Durante o processo miraculoso da fossilização em que o cadáver se degrada e apenas seus restos sobram, às vezes acontece do encéfalo ser totalmente substituído por minerais que se infiltram na caixa craniana. Ao final, estes minerais ficam no crânio fóssil e formam um molde interno do encéfalo — e este molde atende pelo termo, em inglês, endocast.
Ao longo da história da paleontologia já foram descobertos muitos endocasts em crânios de animais extintos. Porém, para acessá-los, era preciso ou ter a sorte de encontrar um crânio já parcialmente quebrado (permitindo ver o endocast em seu interior) ou serrar o crânio mecanicamente. Esta última opção, no entanto, sempre foi proibitiva: como serrar um fóssil de valor incalculável?
Então entram aí as mais recentes tomografias computadorizadas de raios-X. Através desta técnica os paleontólogos colocam o crânio do animal fóssil dentro de um aparelho chamado tomógrafo e, em seguida, raios-X atravessam a estrutura óssea. Como a rocha que envolve o fóssil tem densidade diferente do fóssil propriamente dito, os raios-X formam imagens que nos permitem diferenciar o que é rocha do que é osso. Assim, o interior da caixa craniana é traçado e o endocast, identificado e devidamente reconstruído com softwares específicos para a tarefa.
ENTRAM OS PTEROSSAUROS
Diferentemente do que normalmente se acredita, pterossauros não são “dinossauros voadores”. Podemos considerá-los como parentes dos dinossauros, sim, mas não dinossauros em si. Dinossauros, no sentido usual da palavra tal qual conhecemos, não voavam.
Os pterossauros foram contemporâneos de seus parentes dinossauros, vivendo durante uma era conhecida como o Mesozoico (227 a 66 milhões de anos atrás). Suas características principais estavam relacionadas ao voo, e dentre elas podemos citar as asas compostas pelo prolongamento de um dos dedos da mão e por membranas de pele chamadas membranas alares. Em seguida vêm os ossos, os quais eram leves e cheios de ar para reduzir o peso do animal. Dentre os ossos, havia um conhecido como pteroide, que sustentava as membranas alares e que não o encontramos em mais nenhum grupo de vertebrados!
Além destas características que permitiam aos pterossauros voarem, temos também seu encéfalo, e neste ponto ligamos o estudo da paleoneurologia ao estudo dos pterossauros.
A PALEONEUROLOGIA DOS PTEROSSAUROS
O encéfalo dos pterossauros também favorecia seu voo. Tanto que, embora tendo sido poucos os pterossauros cujo encéfalo foi estudado até o momento, em todos verificamos características curiosas. Por exemplo, o cérebro era grande se compararmos ao restante do encéfalo. O flóculo, a parte do encéfalo responsável por manter o olhar do animal focado em sua presa, era um dos maiores de todo o reino animal. Os lobos ópticos, os quais processam as informações capturadas pelos olhos, também eram grandes e mostram que estes animais provavelmente tinham uma visão bastante apurada. A estrutura do encéfalo destes animais voadores se parecia muito mais com o das aves.
Além do encéfalo, os pterossauros também tinham um ouvido interno que mostrava o quanto eram bem adaptados ao voo. O ouvido interno é um órgão formado, dentre outros componentes, por estruturas em forma de arco. Essas estruturas são chamadas de canais semicirculares, e são três: o canal anterior, o posterior e o lateral. Os canais semicirculares, além de serem responsáveis pelo equilíbrio do organismo, fazendo o animal perceber sua posição no espaço, se está inclinado ou até de cabeça para baixo, também permitem aos paleontólogos saberem a posição da cabeça do animal. Isso é especialmente importante para fazer reconstruções, permitindo-nos ver, em forma de arte cientificamente precisa, como seria o animal em vida. O canal semicircular lateral fica em posição horizontal; desta forma, basta colocar o canal nesta orientação que os paleontólogos podem saber como era a provável posição da cabeça como um todo, e, partindo da cabeça, inferir também como era a posição do restante do corpo.
PTERODACTYLUS, O PRIMEIRO PTEROSSAURO DESCOBERTO
Então, chegamos ao ponto principal deste trabalho de pesquisa e ele atende pelo nome Pterodactylus. Pterodactylus foi o primeiro gênero de pterossauros descoberto pela ciência. Tendo vivido há cerca de 150 milhões de anos, no famoso período Jurássico, era formado por animais relativamente pequenos, com até um metro de envergadura. Provavelmente se alimentava de peixes, e muitos exemplares foram encontrados na Alemanha.
Para esta pesquisa as paleontólogas Taissa Rodrigues, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e Gabriela Sobral, da Universidade de São Paulo (USP), viajaram à Alemanha e tomografaram dois crânios, cada um pertencendo a um espécime diferente de Pterodactylus. Posteriormente, as tomografias foram trazidas ao Brasil, onde o aluno de mestrado Filipe G. Cardozo está reconstruindo (ou “segmentando”, para usar um jargão da área) um endocast digital.
Até o momento foram identificadas várias semelhanças no encéfalo do gênero com o de outros disponíveis na literatura especializada. Também foram identificadas semelhanças com o encéfalo de aves. (Novamente, pterossauros deviam ser exímios voadores!) Além disso, foi descoberto que a posição da cabeça de Pterodactylus devia ser levemente inclinada para baixo, de forma que todo o seu corpo, quando o animal estava pousado, devia se manter numa posição mais ereta.
No entanto, a reconstrução dos endocasts de Pterodactylus ainda não está completa. Há desafios no caminho: por exemplo, um dos espécimes está tão danificado (provavelmente pelo processo de fossilização) que não nos permite visualizar facilmente as estruturas do encéfalo. Mas o trabalho é empolgante e recompensador. Nos próximos meses concluiremos a reconstrução e, a partir daí, esperamos formular mais hipóteses sobre o comportamento e também sobre a evolução destes maravilhosos animais.

Francyne Lyrio Mischiatti
Influência de obstáculos na ecolocalização de morcegos molossídeos.
O que é Ecolocalização? É um sentido, uma capacidade biológica de detectar a posição e/ou distância de objetos (obstáculos no meio ambiente) ou de animais através de emissão de ondas ultrassônicas que batem nos objetos e voltam na forma de eco. Ultrassom é um som de alta frequência superior àquela que o ouvido do ser humano pode perceber, ou seja, acima de 20.000 Hz.
O morcego emite ondas ultrassônicas na faixa de 20 a 215 quilohertz (1 quilohertz = 1000 Hz). Essas ondas são produzidas através das narinas ou pela boca, dependendo da espécie de morcego. As ondas atingem obstáculos no meio ambiente e voltam na forma de ecos, com frequência menor. Os ecos são recebidos pelo morcego e, com base no tempo em que os ecos demoram a voltar, nas direções de onde vieram e nas direções de onde nenhum outro eco veio, os morcegos percebem se há obstáculos no caminho, como distâncias, as formas e as velocidades relativas entre eles. Um exemplo, é a detecção de insetos voadores que servem de alimento para os morcegos através dos ecos.
Através das medidas de ondas, é possível identificar as espécies de morcegos. Os morcegos da família Molossidae são mamíferos que se alimentam de insetos no ar. Logo, dependem da ecolocalização para se locomover e se alimentar. Os comprimentos de onda que o morcego emite, muito característica da espécie, depende do ambiente que essa espécie ocupa. As medidas que podem ser feitas são: frequência máxima, frequência mínima, frequência dominante (que corresponde à frequência de maior pico), largura da banda (intervalo entre a freq. máx e mín.) e duração e intervalo entre as ondas sonoras.
Um morcego que voa e procura insetos em um ambiente com muitos obstáculos, emite uma onda de frequências máximas altas e mínimas baixas, de duração e intervalos curtos (som agudo). Esse tipo de onda cobre uma ampla área de frequências permitindo uma caracterização precisa dos obstáculos. Emití-la em uma duração e intervalos curtos permite que ele perceba rápido todos os obstáculos sem bater. Ou seja, se o morcego demora pra emitir a onda ele pode não perceber um obstáculo no caminho.
Um morcego que voa e procura insetos em um ambiente aberto, pode emitir pulsos de duração mais longa, com intervalos mais longos, frequências mais baixas (som grave), concentrando energia em uma frequência só. Isso porque sem obstáculos no caminho, o morcego pode voar tranquilo e precisa achar seu alimento em distancias muito grandes. Uma onda com uma frequência só tem mais energia para viajar longas distâncias e encontrar presas, porém fornece menos detalhes sobre ela. Morcegos molossídeos, caçam em espaços abertos, porém têm capacidade de modificar suas ondas sonoras na presença de obstáculos.
O objetivo do meu trabalho é descrever como a presença dos obstáculos em diferentes níveis (muitos obstáculos, obstáculos em nível médio e muitos obstáculos) modifica as ondas sonoras de três espécies de morcegos da família Molossidae. Dessa maneira será possível entender mais sobre o comportamento desses animais e reconhecer as espécies em trabalhos que forem utilizar gravadores de ultrassom.
O que é Ecolocalização? É um sentido, uma capacidade biológica de detectar a posição e/ou distância de objetos (obstáculos no meio ambiente) ou de animais através de emissão de ondas ultrassônicas que batem nos objetos e voltam na forma de eco. Ultrassom é um som de alta frequência superior àquela que o ouvido do ser humano pode perceber, ou seja, acima de 20.000 Hz.
O morcego emite ondas ultrassônicas na faixa de 20 a 215 quilohertz (1 quilohertz = 1000 Hz). Essas ondas são produzidas através das narinas ou pela boca, dependendo da espécie de morcego. As ondas atingem obstáculos no meio ambiente e voltam na forma de ecos, com frequência menor. Os ecos são recebidos pelo morcego e, com base no tempo em que os ecos demoram a voltar, nas direções de onde vieram e nas direções de onde nenhum outro eco veio, os morcegos percebem se há obstáculos no caminho, como distâncias, as formas e as velocidades relativas entre eles. Um exemplo, é a detecção de insetos voadores que servem de alimento para os morcegos através dos ecos.
Através das medidas de ondas, é possível identificar as espécies de morcegos. Os morcegos da família Molossidae são mamíferos que se alimentam de insetos no ar. Logo, dependem da ecolocalização para se locomover e se alimentar. Os comprimentos de onda que o morcego emite, muito característica da espécie, depende do ambiente que essa espécie ocupa. As medidas que podem ser feitas são: frequência máxima, frequência mínima, frequência dominante (que corresponde à frequência de maior pico), largura da banda (intervalo entre a freq. máx e mín.) e duração e intervalo entre as ondas sonoras.
Um morcego que voa e procura insetos em um ambiente com muitos obstáculos, emite uma onda de frequências máximas altas e mínimas baixas, de duração e intervalos curtos (som agudo). Esse tipo de onda cobre uma ampla área de frequências permitindo uma caracterização precisa dos obstáculos. Emití-la em uma duração e intervalos curtos permite que ele perceba rápido todos os obstáculos sem bater. Ou seja, se o morcego demora pra emitir a onda ele pode não perceber um obstáculo no caminho.
Um morcego que voa e procura insetos em um ambiente aberto, pode emitir pulsos de duração mais longa, com intervalos mais longos, frequências mais baixas (som grave), concentrando energia em uma frequência só. Isso porque sem obstáculos no caminho, o morcego pode voar tranquilo e precisa achar seu alimento em distancias muito grandes. Uma onda com uma frequência só tem mais energia para viajar longas distâncias e encontrar presas, porém fornece menos detalhes sobre ela. Morcegos molossídeos, caçam em espaços abertos, porém têm capacidade de modificar suas ondas sonoras na presença de obstáculos.
O objetivo do meu trabalho é descrever como a presença dos obstáculos em diferentes níveis (muitos obstáculos, obstáculos em nível médio e muitos obstáculos) modifica as ondas sonoras de três espécies de morcegos da família Molossidae. Dessa maneira será possível entender mais sobre o comportamento desses animais e reconhecer as espécies em trabalhos que forem utilizar gravadores de ultrassom.

Georgea Silva Lyrio
Efeitos da destruição do habitat sobre a diversidade funcional de médios e grandes mamíferos da Mata Atlântica.
Georgea Silva Lyrio
A superfície da Terra e seus biossistemas naturais sofrem com as pressões das atividades humanas, onde muitos ecossistemas estão sendo destruídos. As principais causas dessa destruição estão relacionadas com a agricultura, pecuária, mineração, exploração madeireira, pesca de arrasto e a poluição do solo. A conversão do habitat natural para realização dessas atividades antrópicas é apontada como o principal fator de extinção de espécies.
As florestas tropicais são os ecossistemas mais ricos do mundo, abrigando a maioria das espécies terrestres. Entretanto, elas foram reduzidas e degradadas devido à intensa conversão do habitat.
Os mamíferos estão entre as espécies mais afetadas pela perda e fragmentação do habitat, especialmente aquelas de maior tamanho corporal e de níveis tróficos superiores, como as onças e jaguatiricas, pois dependem de grandes áreas para sobreviverem. A redução populacional de predadores de topo de cadeia pode permitir o aumento da densidade das espécies-presa, como pacas, catetos, veados entre outras, promovendo alteração da estrutura da comunidade e a superexploração de recursos por herbívoros. Esses eventos comprometem os processos ecológicos das matas florestais, que são importantes para a manutenção da estrutura florestal, composição florística, fluxo de energia e funcionamento do ecossistema. Esses fatores, quando não estão em equilíbrio, contribuem para a perda de biodiversidade.
O Estado do Espírito Santo, localizado na região sudeste do Brasil possuía quase 90% do seu território coberta por florestas de Mata Atlântica. No entanto, devido à intensa conversão das florestas para exploração madeireira, áreas de cultivos, pecuária, moradias e outras atividades, as espécies perderam seu hábitat natural, ficando confinadas aos remanescentes florestais que restaram. Esse é o cenário encontrado no município de Santa Maria de Jetibá, uma região que foi colonizada por imigrantes pomeranos, que implantaram um sistema agrícola, desenvolvendo a agricultura familiar. O relevo, composto por montanhas e planaltos elevados, e a história de ocupação desse município, resultaram em um padrão de uso do solo em que as atividades agrícolas são entremeadas por remanescentes de florestas nativas, formando um mosaico de lavouras e matas de variados tamanhos e formas.
Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo, em parceria com a Fundação de Amparo e Pesquisa do Espírito Santo e empresa Vale, buscam compreender quais são os efeitos causados pela perda e fragmentação do habitat, em comunidades de médios e grandes mamíferos localizadas no município de Santa Maria de Jetibá. É importante entender como a estruturação dos fragmentos florestais, como o tamanho, a forma, a conectividade, entre outros fatores, afetam a biodiversidade dessas comunidades locais. Os pesquisadores escolheram aleatoriamente 45 fragmentos florestais, de diversos tamanhos, espalhados por todo o município. Em cada fragmento foi instalada uma armadilha fotográfica, para o monitoramento das espécies.
Até o presente momento foram registradas várias espécies de mamíferos, como tatus (Dasypus novemcinctus e Euphractus sexcinctus), paca (Cuniculus paca), gambá (Didelphis aurita), mão-pelada (Procyon cancrivorus), irara (Eira barbara), gato-do-mato (Leopardus guttulus), cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), jaguatirica (Leopardus pardalis), jaguarundi (Puma yagouaroundi), cateto (Pecari tajacu), tapeti (Sylvilagus brasiliensis) e veado (Mazama spp.).
Os pesquisadores pretendem verificar como a atual estruturação dos fragmentos florestais do município está afetando a diversidade funcional das comunidades locais de médios e grandes mamíferos, visando propor medidas que possam contribuir com a conservação das espécies, por exemplo, indicando quais são as áreas e suas características prioritárias para a conservação, as quais permitirão garantir a sobrevivência das espécies e a manutenção das funções ecossistêmicas.
Referências usadas para formulação do texto:
1. Cardillo, M., Mace, G., Jones, K., Bielby, J., Bininda-Emonds, R., Sechrest, W., ... & Purvis, A. (2005). Multiple causes of high extinction risk in large mammal species. Science, 309 (5738), 1239-1241. doi: 10.1126/science.1116030
2. Chiarello, A. G. (1999). Effects of fragmentation of the Atlantic forest on mammal communities in south-eastern Brazil. Biological Conservation, 89 (1), 71-82. doi: 10.1016/S0006-3207(98)00130-X
3. Dos Santos, R., De Almeida Junior, C., & Eugenio, F. (2012). Evolução da Cobertura Florestal no Município de Santa Maria de Jetibá–ES. Floresta e Ambiente, 19(3), 296-307.
4. Joppa, N., Loarie, R., & Pimm, S. L. (2008). On the protection of “protected areas”. Proceedings of the National Academy of Sciences, 105(18), 6673-6678. doi: 10.1073/pnas.0802471105
5. Kasso, M., & Bekele, A. (2014). Threats to Mammals on Fragmented Habitats around Asella Town, Central Ethiopia. International Journal of Biodiversity, 14 (1), 1-7. doi: 10.1155/2014/903898
6. Moraes, B., Pimenta, S., de Santana, B., & Mendes, B. (2015). Análise métrica da paisagem na microbacia do rio água preta do mocambo, uruçuca, sul da bahia. Rede-revista eletrônica do prodema, 9(1).
7. Passamani, M., Mendes, S. L., & Chiarello, A. G. (2000). Non-volant mammals of the Estação Biológica de Santa Lúcia and adjacent areas of Santa Teresa, Espírito Santo, Brazil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, 11(12), 201-214.
8. Pimm, S. L., & Raven, P. (2000). Biodiversity: extinction by numbers. Nature, 403(6772), 843-845. doi:10.1038/35002708
9. Ripple, W. J., Estes, J. A., Beschta, R. L., Wilmers, C. C., Ritchie, E. G., Hebblewhite, M., ... & Schmitz, J. (2014). Status and ecological effects of the world’s largest carnivores. Science, 343(6167), 1241484. doi:10.1126/science.1241484
10. Sodhi, N. S., & P. R. Ehrlich. (2010). Conservation biology for all. (1ª edition) Oxford University Press, New York, 1-369.
Georgea Silva Lyrio
A superfície da Terra e seus biossistemas naturais sofrem com as pressões das atividades humanas, onde muitos ecossistemas estão sendo destruídos. As principais causas dessa destruição estão relacionadas com a agricultura, pecuária, mineração, exploração madeireira, pesca de arrasto e a poluição do solo. A conversão do habitat natural para realização dessas atividades antrópicas é apontada como o principal fator de extinção de espécies.
As florestas tropicais são os ecossistemas mais ricos do mundo, abrigando a maioria das espécies terrestres. Entretanto, elas foram reduzidas e degradadas devido à intensa conversão do habitat.
Os mamíferos estão entre as espécies mais afetadas pela perda e fragmentação do habitat, especialmente aquelas de maior tamanho corporal e de níveis tróficos superiores, como as onças e jaguatiricas, pois dependem de grandes áreas para sobreviverem. A redução populacional de predadores de topo de cadeia pode permitir o aumento da densidade das espécies-presa, como pacas, catetos, veados entre outras, promovendo alteração da estrutura da comunidade e a superexploração de recursos por herbívoros. Esses eventos comprometem os processos ecológicos das matas florestais, que são importantes para a manutenção da estrutura florestal, composição florística, fluxo de energia e funcionamento do ecossistema. Esses fatores, quando não estão em equilíbrio, contribuem para a perda de biodiversidade.
O Estado do Espírito Santo, localizado na região sudeste do Brasil possuía quase 90% do seu território coberta por florestas de Mata Atlântica. No entanto, devido à intensa conversão das florestas para exploração madeireira, áreas de cultivos, pecuária, moradias e outras atividades, as espécies perderam seu hábitat natural, ficando confinadas aos remanescentes florestais que restaram. Esse é o cenário encontrado no município de Santa Maria de Jetibá, uma região que foi colonizada por imigrantes pomeranos, que implantaram um sistema agrícola, desenvolvendo a agricultura familiar. O relevo, composto por montanhas e planaltos elevados, e a história de ocupação desse município, resultaram em um padrão de uso do solo em que as atividades agrícolas são entremeadas por remanescentes de florestas nativas, formando um mosaico de lavouras e matas de variados tamanhos e formas.
Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo, em parceria com a Fundação de Amparo e Pesquisa do Espírito Santo e empresa Vale, buscam compreender quais são os efeitos causados pela perda e fragmentação do habitat, em comunidades de médios e grandes mamíferos localizadas no município de Santa Maria de Jetibá. É importante entender como a estruturação dos fragmentos florestais, como o tamanho, a forma, a conectividade, entre outros fatores, afetam a biodiversidade dessas comunidades locais. Os pesquisadores escolheram aleatoriamente 45 fragmentos florestais, de diversos tamanhos, espalhados por todo o município. Em cada fragmento foi instalada uma armadilha fotográfica, para o monitoramento das espécies.
Até o presente momento foram registradas várias espécies de mamíferos, como tatus (Dasypus novemcinctus e Euphractus sexcinctus), paca (Cuniculus paca), gambá (Didelphis aurita), mão-pelada (Procyon cancrivorus), irara (Eira barbara), gato-do-mato (Leopardus guttulus), cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), jaguatirica (Leopardus pardalis), jaguarundi (Puma yagouaroundi), cateto (Pecari tajacu), tapeti (Sylvilagus brasiliensis) e veado (Mazama spp.).
Os pesquisadores pretendem verificar como a atual estruturação dos fragmentos florestais do município está afetando a diversidade funcional das comunidades locais de médios e grandes mamíferos, visando propor medidas que possam contribuir com a conservação das espécies, por exemplo, indicando quais são as áreas e suas características prioritárias para a conservação, as quais permitirão garantir a sobrevivência das espécies e a manutenção das funções ecossistêmicas.
Referências usadas para formulação do texto:
1. Cardillo, M., Mace, G., Jones, K., Bielby, J., Bininda-Emonds, R., Sechrest, W., ... & Purvis, A. (2005). Multiple causes of high extinction risk in large mammal species. Science, 309 (5738), 1239-1241. doi: 10.1126/science.1116030
2. Chiarello, A. G. (1999). Effects of fragmentation of the Atlantic forest on mammal communities in south-eastern Brazil. Biological Conservation, 89 (1), 71-82. doi: 10.1016/S0006-3207(98)00130-X
3. Dos Santos, R., De Almeida Junior, C., & Eugenio, F. (2012). Evolução da Cobertura Florestal no Município de Santa Maria de Jetibá–ES. Floresta e Ambiente, 19(3), 296-307.
4. Joppa, N., Loarie, R., & Pimm, S. L. (2008). On the protection of “protected areas”. Proceedings of the National Academy of Sciences, 105(18), 6673-6678. doi: 10.1073/pnas.0802471105
5. Kasso, M., & Bekele, A. (2014). Threats to Mammals on Fragmented Habitats around Asella Town, Central Ethiopia. International Journal of Biodiversity, 14 (1), 1-7. doi: 10.1155/2014/903898
6. Moraes, B., Pimenta, S., de Santana, B., & Mendes, B. (2015). Análise métrica da paisagem na microbacia do rio água preta do mocambo, uruçuca, sul da bahia. Rede-revista eletrônica do prodema, 9(1).
7. Passamani, M., Mendes, S. L., & Chiarello, A. G. (2000). Non-volant mammals of the Estação Biológica de Santa Lúcia and adjacent areas of Santa Teresa, Espírito Santo, Brazil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, 11(12), 201-214.
8. Pimm, S. L., & Raven, P. (2000). Biodiversity: extinction by numbers. Nature, 403(6772), 843-845. doi:10.1038/35002708
9. Ripple, W. J., Estes, J. A., Beschta, R. L., Wilmers, C. C., Ritchie, E. G., Hebblewhite, M., ... & Schmitz, J. (2014). Status and ecological effects of the world’s largest carnivores. Science, 343(6167), 1241484. doi:10.1126/science.1241484
10. Sodhi, N. S., & P. R. Ehrlich. (2010). Conservation biology for all. (1ª edition) Oxford University Press, New York, 1-369.

Turma de 2018

Juliana Martins de Andrade
Grandes x pequenos: como peixes de tamanhos diferentes interagem no mesmo ambiente
Os papéis que peixes da mesma espécie exercem no ambiente podem ser diferentes dependendo de seu tamanho corporal. Um peixe grande possui um corpo maior que demanda mais energia, então necessita de mais alimento que um peixe pequeno. Por exemplo, enquanto pequeno, o peixe se alimenta de pequenos crustáceos, como pequenos caranguejos e pulgas-do-mar. Quando maior, ele ainda possui capacidade de se alimentar de pequenos crustáceos, porém, por serem muito pequenos, o peixe grande precisaria de uma maior quantidade para suprir suas necessidades, assim, resultando em um gasto maior de tempo e energia para capturá-los. Então, para evitar este gasto, é mais vantajoso para o peixe maior alimentar-se de presas maiores, como grandes crustáceos e outros peixes. Dessa forma, consumindo presas maiores, o peixe grande consegue evitar o gasto excessivo de energia durante a procura por alimento além das presas maiores suprirem de forma mais eficiente as demandas energéticas e, ainda, a mudança na dieta evita a competição por alimento dentro da espécie.
A mudança da dieta em grandes peixes carnívoros durante o crescimento é muito comum e a mudança do papel ecológico da espécie, chamado de nicho ecológico, influencia diretamente no funcionamento do ecossistema. Deste modo, uma espécie pode agir como espécies diferentes durante fases de vida diferentes no mesmo ambiente. Mas, como ocorre a mudança de nicho em espécies invertívoras (comedoras de invertebrados), onívoras e herbívoras? Será que ocorre uma mudança tão drástica em fases de vida diferentes como em carnívoros? Ou essa mudança ocorre de forma mais discreta? Será que o nicho muda de fato? Como a mudança corporal durante o crescimento afeta o nicho ecológico das espécies?
Para responder essas perguntas, pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo utilizarão três tipos análises: análise de isótopos estáveis, análise de conteúdo estomacal e análise de ecomorfologia funcional.
Isótopos estáveis são elementos químicos de mesmo número de prótons (porém de massa diferente, como C12 (carbono 12) e C13 (carbono 13)) e não emitem radiação, por isso chamados de estáveis. Esses isótopos são muito úteis por mostrarem como ocorre o ciclo dos elementos na natureza e como o fluxo de matéria e energia é transmitido entre os organismos do ecossistema. Então, para estudos de nicho ecológico os isótopos mais utilizados são C12/C13 (carbono 12 e carbono 13) e N14/N15 (nitrogênio 14 e nitrogênio 15). Esses valores de isótopos estáveis são obtidos com análise do tecido muscular dos peixes e de suas possíveis presas e fornecem informações do que a espécie se alimentou durante semanas ou até meses, dependendo do tamanho corporal. Os valores de isótopos de carbono mostram quais presas foram mais importantes na dieta da espécie e os valores de nitrogênio indicam qual posição a espécie se encontra na teia alimentar, ou seja, se é consumidora primária, secundária, predadora de topo, dentre outros.
Sendo assim, a análise de isótopos estáveis pode mostrar se o nicho de peixes grandes e pequenos da mesma espécie se sobrepõe ou não, ou seja, se eles têm uma dieta semelhante ou diferente e qual o tamanho dessa diferença.
Para se realizar uma análise de conteúdo estomacal é preciso retirar o estômago do peixe coletado e identificar todo o alimento encontrado. Assim, pode-se determinar o que os peixes comeram e se existe diferença na dieta de peixes pequenos e grandes da mesma espécie.
A análise de ecomorfologia funcional está relacionada à mudança da morfologia, ou seja, mudanças corporais ao longo do crescimento. Para isso, são feitas medidas em várias partes do corpo do peixe, como comprimento e altura do corpo, comprimento e altura das nadadeiras, abertura e largura da boca, diâmetro do olho, etc. Com essas medidas são feitos cálculos de traços funcionais (como formato e área da boca, tamanho e posição do olho, formato e posição da nadadeira, entre outros). Com os valores dos traços funcionais, pode-se identificar quais os traços que influenciam na mudança do nicho da espécie, se são relacionados à alimentação ou mobilidade, por exemplo.
Essas análises em conjunto fornecerão informações mais robustas e completas sobre a variação de nicho ecológico das espécies de peixes no ecossistema.
O ecossistema estudado é o ambiente entremarés recifal, que é o ambiente rochoso situado na zona entre a maré alta e a maré baixa. Esses ambientes são muito ricos em fauna e flora marinha, principalmente, por variarem muito durante o dia. Durante a maré baixa a água acumula nas rochas formando poças, denominadas poças ou piscinas de maré (dependendo de seu tamanho). Enquanto expostas, a temperatura da água nas poças aumenta, consequentemente, alterando o pH, salinidade e oxigenação da água (variação físico-química). Quanto mais tempo expostas, maior é a variação físico-química da poça. Quando a maré sobe, a temperatura da poça diminui e altera o pH, a salinidade e oxigenação da água mais uma vez. Essa variação ocorre em média 4 vezes ao dia, portanto, as espécies que sobrevivem à variação possuem grande resistência. As poças localizadas mais próximas à praia (supralitoral, limite da maré cheia), são as que sofrem maior variação físico-química; então as espécies que vivem nessas poças são as mais resistentes. As poças que estão mais próximas ao mar (infralitoral, limite da maré baixa) sofrem menos variação físico-química, abrigando espécies menos resistentes. Além de possuir grande riqueza de espécies, as poças de maré são muito utilizadas por peixes como berçários, por possuírem disponibilidade de alimento e abrigo de predadores. Sendo assim, pode-se encontrar indivíduos da mesma espécie de tamanhos diferentes nesses ambientes, facilitando o estudo de variação do nicho ecológico.
Por estarem localizados na costa, ambientes entremarés estão altamente sujeitos a ação do homem pelo seu fácil acesso. Sofrem impactos como poluição, pisoteio, retirada de organismos através de pesca e coleta recreativa, dentre outros. Esses impactos alteram drasticamente a composição desse ecossistema podendo resultar na redução de sua biodiversidade. Outro fator importante a ser levado em consideração é o fato de serem ambientes berçário para muitas espécies, o que tornam os impactos ainda mais graves, podendo gerar a perda de riqueza de espécies. Por fim, compreendendo o nicho ecológico e a estrutura populacional da comunidade de peixes, pode-se gerar formas de manejo sustentável do ambiente contribuindo para a conservação de seus recursos naturais.
Os papéis que peixes da mesma espécie exercem no ambiente podem ser diferentes dependendo de seu tamanho corporal. Um peixe grande possui um corpo maior que demanda mais energia, então necessita de mais alimento que um peixe pequeno. Por exemplo, enquanto pequeno, o peixe se alimenta de pequenos crustáceos, como pequenos caranguejos e pulgas-do-mar. Quando maior, ele ainda possui capacidade de se alimentar de pequenos crustáceos, porém, por serem muito pequenos, o peixe grande precisaria de uma maior quantidade para suprir suas necessidades, assim, resultando em um gasto maior de tempo e energia para capturá-los. Então, para evitar este gasto, é mais vantajoso para o peixe maior alimentar-se de presas maiores, como grandes crustáceos e outros peixes. Dessa forma, consumindo presas maiores, o peixe grande consegue evitar o gasto excessivo de energia durante a procura por alimento além das presas maiores suprirem de forma mais eficiente as demandas energéticas e, ainda, a mudança na dieta evita a competição por alimento dentro da espécie.
A mudança da dieta em grandes peixes carnívoros durante o crescimento é muito comum e a mudança do papel ecológico da espécie, chamado de nicho ecológico, influencia diretamente no funcionamento do ecossistema. Deste modo, uma espécie pode agir como espécies diferentes durante fases de vida diferentes no mesmo ambiente. Mas, como ocorre a mudança de nicho em espécies invertívoras (comedoras de invertebrados), onívoras e herbívoras? Será que ocorre uma mudança tão drástica em fases de vida diferentes como em carnívoros? Ou essa mudança ocorre de forma mais discreta? Será que o nicho muda de fato? Como a mudança corporal durante o crescimento afeta o nicho ecológico das espécies?
Para responder essas perguntas, pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo utilizarão três tipos análises: análise de isótopos estáveis, análise de conteúdo estomacal e análise de ecomorfologia funcional.
Isótopos estáveis são elementos químicos de mesmo número de prótons (porém de massa diferente, como C12 (carbono 12) e C13 (carbono 13)) e não emitem radiação, por isso chamados de estáveis. Esses isótopos são muito úteis por mostrarem como ocorre o ciclo dos elementos na natureza e como o fluxo de matéria e energia é transmitido entre os organismos do ecossistema. Então, para estudos de nicho ecológico os isótopos mais utilizados são C12/C13 (carbono 12 e carbono 13) e N14/N15 (nitrogênio 14 e nitrogênio 15). Esses valores de isótopos estáveis são obtidos com análise do tecido muscular dos peixes e de suas possíveis presas e fornecem informações do que a espécie se alimentou durante semanas ou até meses, dependendo do tamanho corporal. Os valores de isótopos de carbono mostram quais presas foram mais importantes na dieta da espécie e os valores de nitrogênio indicam qual posição a espécie se encontra na teia alimentar, ou seja, se é consumidora primária, secundária, predadora de topo, dentre outros.
Sendo assim, a análise de isótopos estáveis pode mostrar se o nicho de peixes grandes e pequenos da mesma espécie se sobrepõe ou não, ou seja, se eles têm uma dieta semelhante ou diferente e qual o tamanho dessa diferença.
Para se realizar uma análise de conteúdo estomacal é preciso retirar o estômago do peixe coletado e identificar todo o alimento encontrado. Assim, pode-se determinar o que os peixes comeram e se existe diferença na dieta de peixes pequenos e grandes da mesma espécie.
A análise de ecomorfologia funcional está relacionada à mudança da morfologia, ou seja, mudanças corporais ao longo do crescimento. Para isso, são feitas medidas em várias partes do corpo do peixe, como comprimento e altura do corpo, comprimento e altura das nadadeiras, abertura e largura da boca, diâmetro do olho, etc. Com essas medidas são feitos cálculos de traços funcionais (como formato e área da boca, tamanho e posição do olho, formato e posição da nadadeira, entre outros). Com os valores dos traços funcionais, pode-se identificar quais os traços que influenciam na mudança do nicho da espécie, se são relacionados à alimentação ou mobilidade, por exemplo.
Essas análises em conjunto fornecerão informações mais robustas e completas sobre a variação de nicho ecológico das espécies de peixes no ecossistema.
O ecossistema estudado é o ambiente entremarés recifal, que é o ambiente rochoso situado na zona entre a maré alta e a maré baixa. Esses ambientes são muito ricos em fauna e flora marinha, principalmente, por variarem muito durante o dia. Durante a maré baixa a água acumula nas rochas formando poças, denominadas poças ou piscinas de maré (dependendo de seu tamanho). Enquanto expostas, a temperatura da água nas poças aumenta, consequentemente, alterando o pH, salinidade e oxigenação da água (variação físico-química). Quanto mais tempo expostas, maior é a variação físico-química da poça. Quando a maré sobe, a temperatura da poça diminui e altera o pH, a salinidade e oxigenação da água mais uma vez. Essa variação ocorre em média 4 vezes ao dia, portanto, as espécies que sobrevivem à variação possuem grande resistência. As poças localizadas mais próximas à praia (supralitoral, limite da maré cheia), são as que sofrem maior variação físico-química; então as espécies que vivem nessas poças são as mais resistentes. As poças que estão mais próximas ao mar (infralitoral, limite da maré baixa) sofrem menos variação físico-química, abrigando espécies menos resistentes. Além de possuir grande riqueza de espécies, as poças de maré são muito utilizadas por peixes como berçários, por possuírem disponibilidade de alimento e abrigo de predadores. Sendo assim, pode-se encontrar indivíduos da mesma espécie de tamanhos diferentes nesses ambientes, facilitando o estudo de variação do nicho ecológico.
Por estarem localizados na costa, ambientes entremarés estão altamente sujeitos a ação do homem pelo seu fácil acesso. Sofrem impactos como poluição, pisoteio, retirada de organismos através de pesca e coleta recreativa, dentre outros. Esses impactos alteram drasticamente a composição desse ecossistema podendo resultar na redução de sua biodiversidade. Outro fator importante a ser levado em consideração é o fato de serem ambientes berçário para muitas espécies, o que tornam os impactos ainda mais graves, podendo gerar a perda de riqueza de espécies. Por fim, compreendendo o nicho ecológico e a estrutura populacional da comunidade de peixes, pode-se gerar formas de manejo sustentável do ambiente contribuindo para a conservação de seus recursos naturais.

Letícia Almeida Moura
Influências ecológico nas rotas dos muriquis-do-norte (Brachyteles hypoxanthus)
Letícia Almeida
A fragmentação e perda de hábitat são tidas como grandes ameaças à biodiversidade. Em populações de primatas, por exemplo, podem levar ao isolamento de indivíduos, aumento do cruzamento consanguíneo e de doenças na população devido à baixa variabilidade genética. A perda de hábitat pode acarretar na diminuição da área de vida, redução da população e influenciar diretamente na oferta de recursos. Atualmente, esses fatores são os grandes responsáveis pela extinção das espécies.
A permanência dos indivíduos em um ambiente impactado negativamente, será possível somente se eles possuírem a habilidade de se adaptarem às condições ambientais; espécies que não possuem essa capacidade podem ser dizimadas da área. Dentre o grupo de animas existentes, os primatas são ótimos modelos para estudar as influências das variações ambientais, isso porque demonstram grande flexibilidade no comportamento. Em muriquis-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), espécie criticamente ameaçada de extinção, pode ser observado o aumento do tempo descansando durante os dias frios de inferno e nas tardes quentes de verão, sendo que tal comportamento contribui no controle do gasto energético com a termorregulação.
Os muriquis-do-norte possuem uma dieta que inclui diversos itens alimentares, como folhas, frutos, flor, cascas de árvores, brotos de bambu e samambaia. Essa flexibilidade alimentar permite melhor aproveitamento dos recursos disponíveis e contribui no balanceamento da dieta. O consumo de alimentos ricos em energia, como frutos e flores, que estão distribuídos no ambiente de forma heterogênea no tempo e no espaço, pode levar os muriquis a viajarem por longas distâncias diárias e, geralmente, essas viagens são realizadas por meio da locomoção suspensa que contribui na redução do gasto energético. Durante o período de escassez de recursos, os animais podem adotar a estratégia de fissão-fusão; processo pelo qual são formados subgrupos com composição e quantidade variada, que exploram diferente fontes de recursos e ajuda na redução do estresse social e disputa intraespecífica.
A exploração de recursos é baseada no custo e benefício, no qual é levado em consideração o grau de saciedade e fome, a qualidade do ambiente a ser explorado e os riscos de predação. Dessa forma, o deslocamento para regiões mais distantes só é compensatório, se o recurso a ser obtido for maior do que o gasto com o deslocamento. A habilidade locomotora observada nos primatas, pode ocasionar mudanças na proporção de atividades, devido ao gasto de tempo e energia.
A fim de romper as barreiras da fragmentação, os primatas arborícolas como Alouatta guariba, são observados atravessando no chão em áreas onde o dossel da floresta não se conecta. Usar o chão representa maior risco de predação. No entanto, para população de muriquis-do-norte que habita a mata da Reserva Particular do Patrimônio Natural Feliciano Miguel Abdala (RPPN- FMA) localizada no município de Caratinga, Minas Gerais, o uso do chão representa mais que uma resposta as condições ambientais, visto que os animais são observados descansando, alimentando-se e socializando no chão, ou seja, usar o chão representa uma oportunidade para consumir maior quantidade de recursos sem a necessidade de viajar longas distâncias.
Dessa forma, o estudo visa avaliar como a dieta e o uso do chão podem influenciar a distância diária percorrida. Assim, analisaremos se os maiores percursos estão relacionados com a ingestão de alimentos ricos em energia e se o trajeto foi menor nos dias com registro de uso do chão, para a alimentação. Ainda, vamos analisar a influência dos maiores trajetos sobre a proporção de atividades, tendo em vista que o maior percurso demanda dos animais maior tempo e energia.
Letícia Almeida
A fragmentação e perda de hábitat são tidas como grandes ameaças à biodiversidade. Em populações de primatas, por exemplo, podem levar ao isolamento de indivíduos, aumento do cruzamento consanguíneo e de doenças na população devido à baixa variabilidade genética. A perda de hábitat pode acarretar na diminuição da área de vida, redução da população e influenciar diretamente na oferta de recursos. Atualmente, esses fatores são os grandes responsáveis pela extinção das espécies.
A permanência dos indivíduos em um ambiente impactado negativamente, será possível somente se eles possuírem a habilidade de se adaptarem às condições ambientais; espécies que não possuem essa capacidade podem ser dizimadas da área. Dentre o grupo de animas existentes, os primatas são ótimos modelos para estudar as influências das variações ambientais, isso porque demonstram grande flexibilidade no comportamento. Em muriquis-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), espécie criticamente ameaçada de extinção, pode ser observado o aumento do tempo descansando durante os dias frios de inferno e nas tardes quentes de verão, sendo que tal comportamento contribui no controle do gasto energético com a termorregulação.
Os muriquis-do-norte possuem uma dieta que inclui diversos itens alimentares, como folhas, frutos, flor, cascas de árvores, brotos de bambu e samambaia. Essa flexibilidade alimentar permite melhor aproveitamento dos recursos disponíveis e contribui no balanceamento da dieta. O consumo de alimentos ricos em energia, como frutos e flores, que estão distribuídos no ambiente de forma heterogênea no tempo e no espaço, pode levar os muriquis a viajarem por longas distâncias diárias e, geralmente, essas viagens são realizadas por meio da locomoção suspensa que contribui na redução do gasto energético. Durante o período de escassez de recursos, os animais podem adotar a estratégia de fissão-fusão; processo pelo qual são formados subgrupos com composição e quantidade variada, que exploram diferente fontes de recursos e ajuda na redução do estresse social e disputa intraespecífica.
A exploração de recursos é baseada no custo e benefício, no qual é levado em consideração o grau de saciedade e fome, a qualidade do ambiente a ser explorado e os riscos de predação. Dessa forma, o deslocamento para regiões mais distantes só é compensatório, se o recurso a ser obtido for maior do que o gasto com o deslocamento. A habilidade locomotora observada nos primatas, pode ocasionar mudanças na proporção de atividades, devido ao gasto de tempo e energia.
A fim de romper as barreiras da fragmentação, os primatas arborícolas como Alouatta guariba, são observados atravessando no chão em áreas onde o dossel da floresta não se conecta. Usar o chão representa maior risco de predação. No entanto, para população de muriquis-do-norte que habita a mata da Reserva Particular do Patrimônio Natural Feliciano Miguel Abdala (RPPN- FMA) localizada no município de Caratinga, Minas Gerais, o uso do chão representa mais que uma resposta as condições ambientais, visto que os animais são observados descansando, alimentando-se e socializando no chão, ou seja, usar o chão representa uma oportunidade para consumir maior quantidade de recursos sem a necessidade de viajar longas distâncias.
Dessa forma, o estudo visa avaliar como a dieta e o uso do chão podem influenciar a distância diária percorrida. Assim, analisaremos se os maiores percursos estão relacionados com a ingestão de alimentos ricos em energia e se o trajeto foi menor nos dias com registro de uso do chão, para a alimentação. Ainda, vamos analisar a influência dos maiores trajetos sobre a proporção de atividades, tendo em vista que o maior percurso demanda dos animais maior tempo e energia.

Marina Monjardim
Temperatura, distribuição geográfica e biodiversidade: como esses temas se conectam?
Atualmente muito se tem discutido sobre a importância da biodiversidade e as mudanças climáticas, pois ações antrópicas como poluição, uso excessivo de recursos naturais, expansão agropecuária, expansão urbana e industrial, estão levando muitas espécies de animais e vegetais à extinção. Entretanto não é só no presente nem só devido às ações antrópicas que as mudanças climáticas e ambientais alteraram a biodiversidade terrestre.
Ao longo do tempo geológico observamos intensas mudanças climáticas. Assim como as alterações na temperatura causam grandes extinções, também são motores de especiações e consequentemente aumento da biodiversidade terrestre.
Os principais traços ecológicos (locomoção, reprodução e crescimento) e a distribuição geográfica dos organismos estão correlacionados com a variação da temperatura do ambiente. (Porque os organismos só são capazes de manter um ótimo desempenho até um limite de variação de temperatura.) Portanto flutuações de temperaturas fora dessa variação ótima podem trazer consequências para a aptidão dos indivíduos. Sendo assim, adaptações à temperatura são de extrema importância para colonização de novos ambientes e consequentemente para diversificação dos organismos.
E. O. Wilson, no livro Diversidade da vida, expressa a importante conexão entre biodiversidade e biogeografia. Ele enfatiza que compreender o que faz com que alguns tipos de animais e plantas sejam dominantes e se tornem novas espécies e disseminam-se por extensas regiões do mundo, enquanto outros acabam acuados até se tornarem raros e ameaçados de extinção, é o atual dilema da Biologia Evolutiva. C. Darwin já havia observado isso ainda a bordo do H.M.S. Beagle, como naturalista, e diz ter ficado impressionado com a distribuição dos habitantes da América do Sul e das relações geológicas entre os habitantes atuais e passados desse continente. Para ele, parecia que estes fatos lançavam alguma luz sobre a origem das espécies, o mistério dos mistérios. Inclusive A. R. Wallace, considerado o pai da Biogeografia, em 1876 publicou um livro onde regionalizou o mundo baseando-se na fauna local e nomeou a America do Sul (incluindo a América Central e Antilhas) de Região Neotropical e relatou a sua incrível biodiversidade, já admirada há muitos anos por diversos naturalistas.
Portanto, compreender a história evolutiva de um grupo aparentado com indivíduos adaptados a diferentes biomas e temperaturas pode nos ajudar a entender como a biodiversidade surge e, consequentemente, pode nos ajudar a prever como as espécies vão se comportar diante as mudanças atuais.
Para compreender a diversificação de grupos aparentados em diferentes biomas e temperaturas, usaremos como modelo lagartos com distribuição exclusiva na América do Sul. Os lagartos, estudados pela sua distribuição, podem ser divididos em três grupos: os que estão distribuídos ao sul da América do sul, exclusivamente nas regiões da Patagônia e Monte, ambientes extremamente áridos e frios; os que ocorrem em ambientes intermediários com distribuição do norte da Argentina ao sudeste do brasil, restritos a ambientes frios e de altitude principalmente nas florestas de araucária (400m-1800m de altitude); e, por fim, o grupo mais diversificado em que as espécies possuem ampla distribuição territorial no Brasil e que alcançou latitudes mais quentes nos biomas: mata atlântica, cerrado, caatinga e Amazônia.
Atualmente muito se tem discutido sobre a importância da biodiversidade e as mudanças climáticas, pois ações antrópicas como poluição, uso excessivo de recursos naturais, expansão agropecuária, expansão urbana e industrial, estão levando muitas espécies de animais e vegetais à extinção. Entretanto não é só no presente nem só devido às ações antrópicas que as mudanças climáticas e ambientais alteraram a biodiversidade terrestre.
Ao longo do tempo geológico observamos intensas mudanças climáticas. Assim como as alterações na temperatura causam grandes extinções, também são motores de especiações e consequentemente aumento da biodiversidade terrestre.
Os principais traços ecológicos (locomoção, reprodução e crescimento) e a distribuição geográfica dos organismos estão correlacionados com a variação da temperatura do ambiente. (Porque os organismos só são capazes de manter um ótimo desempenho até um limite de variação de temperatura.) Portanto flutuações de temperaturas fora dessa variação ótima podem trazer consequências para a aptidão dos indivíduos. Sendo assim, adaptações à temperatura são de extrema importância para colonização de novos ambientes e consequentemente para diversificação dos organismos.
E. O. Wilson, no livro Diversidade da vida, expressa a importante conexão entre biodiversidade e biogeografia. Ele enfatiza que compreender o que faz com que alguns tipos de animais e plantas sejam dominantes e se tornem novas espécies e disseminam-se por extensas regiões do mundo, enquanto outros acabam acuados até se tornarem raros e ameaçados de extinção, é o atual dilema da Biologia Evolutiva. C. Darwin já havia observado isso ainda a bordo do H.M.S. Beagle, como naturalista, e diz ter ficado impressionado com a distribuição dos habitantes da América do Sul e das relações geológicas entre os habitantes atuais e passados desse continente. Para ele, parecia que estes fatos lançavam alguma luz sobre a origem das espécies, o mistério dos mistérios. Inclusive A. R. Wallace, considerado o pai da Biogeografia, em 1876 publicou um livro onde regionalizou o mundo baseando-se na fauna local e nomeou a America do Sul (incluindo a América Central e Antilhas) de Região Neotropical e relatou a sua incrível biodiversidade, já admirada há muitos anos por diversos naturalistas.
Portanto, compreender a história evolutiva de um grupo aparentado com indivíduos adaptados a diferentes biomas e temperaturas pode nos ajudar a entender como a biodiversidade surge e, consequentemente, pode nos ajudar a prever como as espécies vão se comportar diante as mudanças atuais.
Para compreender a diversificação de grupos aparentados em diferentes biomas e temperaturas, usaremos como modelo lagartos com distribuição exclusiva na América do Sul. Os lagartos, estudados pela sua distribuição, podem ser divididos em três grupos: os que estão distribuídos ao sul da América do sul, exclusivamente nas regiões da Patagônia e Monte, ambientes extremamente áridos e frios; os que ocorrem em ambientes intermediários com distribuição do norte da Argentina ao sudeste do brasil, restritos a ambientes frios e de altitude principalmente nas florestas de araucária (400m-1800m de altitude); e, por fim, o grupo mais diversificado em que as espécies possuem ampla distribuição territorial no Brasil e que alcançou latitudes mais quentes nos biomas: mata atlântica, cerrado, caatinga e Amazônia.

Thamila Barcellos Lemes
Fatores como ecologia ou parentesco influenciam a forma do crânio de pequenos mamíferos da Mata Atlântica?
O estudo da forma, mesmo sendo uma ferramenta fundamental para a identificação e classificação, recebeu por muito tempo pouca importância relativa dentro da biologia ou perante a filosofia desde a época de Aristóteles, permanecendo assim até o desenvolvimento das ideias sobre evolução por pesquisadores como Darwin. A morfologia do crânio como um todo, principalmente extremidades e forames, estão entre as principais características diagnósticas para mamíferos. As mudanças na forma podem ser resultantes de fatores ecológicos (como a dieta), evolutivo (parentesco filogenético) e alométricos (relações de escala).
A Mata Atlântica detém a segunda maior diversidade de mamíferos entre os biomas do Brasil, perdendo apenas para a Amazônia. Os pequenos mamíferos respondem pela maior diversidade de mamíferos mundial, com as ordens Rodentia e Chiroptera sendo as mais especiosas, no Brasil esse padrão se repete onde 34,7% e 24,8% das espécies de mamíferos brasileiras correspondem a essas ordens respectivamente. Nesse trabalho realizado no Laboratório de Mastozoologia e Biogeografia, da Universidade Federal do Espírito Santo, os crânios de várias espécies de mamíferos, que estão depositados na coleção biológica de mamíferos da Universidade Federal do Espírito Santo (UFESMAM), foram fotografados e os marcadores anatômicos registrados. Análises estatísticas por morfometria geométrica possibilitarão quantificar a importância de fatores como dieta e parentesco na forma do crânio de pequenos mamíferos da Mata Atlântica.
Estudos da morfologia podem auxiliar na identificação taxonômica, no entendimento de fenômenos de especiação e de interações entre organismos, em estudos do desenvolvimento do indivíduo, na caracterização de dimorfismo sexual, no estudo de filogenias de espécies aparentadas e na distribuição geográfica da diversidade. Entender quais fatores influenciam na forma craniana pode auxiliar em análises evolutivas do grupo e os modelos de marcos cranianos podem também apresentar utilidade na identificação de espécies.
O estudo da forma, mesmo sendo uma ferramenta fundamental para a identificação e classificação, recebeu por muito tempo pouca importância relativa dentro da biologia ou perante a filosofia desde a época de Aristóteles, permanecendo assim até o desenvolvimento das ideias sobre evolução por pesquisadores como Darwin. A morfologia do crânio como um todo, principalmente extremidades e forames, estão entre as principais características diagnósticas para mamíferos. As mudanças na forma podem ser resultantes de fatores ecológicos (como a dieta), evolutivo (parentesco filogenético) e alométricos (relações de escala).
A Mata Atlântica detém a segunda maior diversidade de mamíferos entre os biomas do Brasil, perdendo apenas para a Amazônia. Os pequenos mamíferos respondem pela maior diversidade de mamíferos mundial, com as ordens Rodentia e Chiroptera sendo as mais especiosas, no Brasil esse padrão se repete onde 34,7% e 24,8% das espécies de mamíferos brasileiras correspondem a essas ordens respectivamente. Nesse trabalho realizado no Laboratório de Mastozoologia e Biogeografia, da Universidade Federal do Espírito Santo, os crânios de várias espécies de mamíferos, que estão depositados na coleção biológica de mamíferos da Universidade Federal do Espírito Santo (UFESMAM), foram fotografados e os marcadores anatômicos registrados. Análises estatísticas por morfometria geométrica possibilitarão quantificar a importância de fatores como dieta e parentesco na forma do crânio de pequenos mamíferos da Mata Atlântica.
Estudos da morfologia podem auxiliar na identificação taxonômica, no entendimento de fenômenos de especiação e de interações entre organismos, em estudos do desenvolvimento do indivíduo, na caracterização de dimorfismo sexual, no estudo de filogenias de espécies aparentadas e na distribuição geográfica da diversidade. Entender quais fatores influenciam na forma craniana pode auxiliar em análises evolutivas do grupo e os modelos de marcos cranianos podem também apresentar utilidade na identificação de espécies.

Nila Rássia Gontijo
O IMPACTO DO SURTO DE FEBRE AMARELA EM POPULAÇÕES DE
BARBADOS (Alouatta guariba) EM DIFERENTES FRAGMENTOS DE MATA
ATLÂNTICA DO ESPÍRITO SANTO
Alterações em ambientes naturais, como o processo de fragmentação de habitat e seus diversos efeitos, é uma das principais ameaças para a conservação da biodiversidade. A perda de habitat e o aumento do isolamento, podem aumentar a incidência de viroses emergentes e reemergentes. Um exemplo de doença reemergente é a febre amarela, que mostra alto índice de mortalidade em humanos e, também em primatas não-humanos, principalmente em animais do gênero Alouatta, mais conhecidos como bugios ou barbados. A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por insetos hematófagos da família Culicidae, principalmente os dos gêneros Aedes, Haemagogus e Sabethes. A doença é comum na região tropical da América e da África, onde se mantém endêmica.
Os macacos costumam ser os mais suscetíveis à doença, podendo desenvolver a febre amarela silvestre de forma inaparente, mas ter a quantidade de vírus suficiente para infectar mosquitos. Eles não transmitem a doença para os humanos, assim como uma pessoa não transmite a doença para outra. A transmissão se dá somente pelo mosquito e os macacos ajudam a identificar as regiões onde o vírus circula e, por isso, são chamados de sentinelas. A partir dos registros de mortes de macacos em uma mesma época e no mesmo local, se caracteriza a epizootia e o governo distribui estrategicamente as vacinas no território afetado.
A preocupação com o alto índice de mortalidade dos bugios deve-se ao fato da espécie já se encontrar na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (2014), nas categorias VULNERÁVEL (VU) para Alouatta guariba clamitans e CRITICAMENTE EM PERIGO (CR) para Alouatta guariba guariba.
A perda e degradação do habitat, o alto índice de caça e acaptura para o comércio de animais de estimação, associados às recentes epizootias de febre amarela silvestre podem desencadear um processo irreversível de redução populacional desses primatas, conduzindo à extinção, especialmente aquelas populações isoladas em fragmentos.
O projeto de pesquisa intitulado IMPACTO DO SURTO DE FEBRE AMARELA EM POPULAÇÕES DE BARBADOS (Alouatta guariba) EM DIFERENTES FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA DO ESPÍRITO SANTO, tem como objetivo avaliar e monitorar o impacto do surto de febre amarela, ocorrido em 2017, em fragmentos de Mata Atlântica em diferentes municípios da região serrana do Espírito Santo. Para isso, estão sendo utilizadas fichas de notificações das mortes dos primatas, entrevistas com moradores e busca ativa da espécie em campo. A maior hipótese é de que o surto da febre amarela está relacionado com o tamanho e isolamento dos fragmentos, sendo que em fragmentos de mata menores e mais isoladas, o impacto do surto foi maior, e vice-versa.
A eliminação do ciclo da febre amarela silvestre é inviável devido a diversos fatores físicos e ecológicos envolvidos. Por isso, é preciso que haja um monitoramento das áreas de risco de febre amarela para os macacos, para que se saiba qual a influência da doença nas populações. Estudos anteriores sugerem que mudanças na proporção da área ocupada por uma determinada espécie podem estar correlacionadas com as mudanças no tamanho da sua população e a rápida dispersão do vírus pelos fragmentos.
BARBADOS (Alouatta guariba) EM DIFERENTES FRAGMENTOS DE MATA
ATLÂNTICA DO ESPÍRITO SANTO
Alterações em ambientes naturais, como o processo de fragmentação de habitat e seus diversos efeitos, é uma das principais ameaças para a conservação da biodiversidade. A perda de habitat e o aumento do isolamento, podem aumentar a incidência de viroses emergentes e reemergentes. Um exemplo de doença reemergente é a febre amarela, que mostra alto índice de mortalidade em humanos e, também em primatas não-humanos, principalmente em animais do gênero Alouatta, mais conhecidos como bugios ou barbados. A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por insetos hematófagos da família Culicidae, principalmente os dos gêneros Aedes, Haemagogus e Sabethes. A doença é comum na região tropical da América e da África, onde se mantém endêmica.
Os macacos costumam ser os mais suscetíveis à doença, podendo desenvolver a febre amarela silvestre de forma inaparente, mas ter a quantidade de vírus suficiente para infectar mosquitos. Eles não transmitem a doença para os humanos, assim como uma pessoa não transmite a doença para outra. A transmissão se dá somente pelo mosquito e os macacos ajudam a identificar as regiões onde o vírus circula e, por isso, são chamados de sentinelas. A partir dos registros de mortes de macacos em uma mesma época e no mesmo local, se caracteriza a epizootia e o governo distribui estrategicamente as vacinas no território afetado.
A preocupação com o alto índice de mortalidade dos bugios deve-se ao fato da espécie já se encontrar na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (2014), nas categorias VULNERÁVEL (VU) para Alouatta guariba clamitans e CRITICAMENTE EM PERIGO (CR) para Alouatta guariba guariba.
A perda e degradação do habitat, o alto índice de caça e acaptura para o comércio de animais de estimação, associados às recentes epizootias de febre amarela silvestre podem desencadear um processo irreversível de redução populacional desses primatas, conduzindo à extinção, especialmente aquelas populações isoladas em fragmentos.
O projeto de pesquisa intitulado IMPACTO DO SURTO DE FEBRE AMARELA EM POPULAÇÕES DE BARBADOS (Alouatta guariba) EM DIFERENTES FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA DO ESPÍRITO SANTO, tem como objetivo avaliar e monitorar o impacto do surto de febre amarela, ocorrido em 2017, em fragmentos de Mata Atlântica em diferentes municípios da região serrana do Espírito Santo. Para isso, estão sendo utilizadas fichas de notificações das mortes dos primatas, entrevistas com moradores e busca ativa da espécie em campo. A maior hipótese é de que o surto da febre amarela está relacionado com o tamanho e isolamento dos fragmentos, sendo que em fragmentos de mata menores e mais isoladas, o impacto do surto foi maior, e vice-versa.
A eliminação do ciclo da febre amarela silvestre é inviável devido a diversos fatores físicos e ecológicos envolvidos. Por isso, é preciso que haja um monitoramento das áreas de risco de febre amarela para os macacos, para que se saiba qual a influência da doença nas populações. Estudos anteriores sugerem que mudanças na proporção da área ocupada por uma determinada espécie podem estar correlacionadas com as mudanças no tamanho da sua população e a rápida dispersão do vírus pelos fragmentos.
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